No ARION

No ARION
No oceano, em 2001, viajando entre a Terceira e S.Vicente (Cabo Verde)

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Saúde e Espiritualidade

SAÚDE E ESPIRITUALIDADE



HELIODORO TARCÍSIO


Desconfio que este artigo vai demorar ainda mais que o costume para sair. Para variar, não critico ninguém nem me envolvo numa saborosa polémica. Também não vou sair-me com gracinhas. E passo a léguas do inflamado, embora árido e desinteressante debate político, que enche páginas dos jornais e revistas no momento atual.
Desta vez, tenciono apenas partilhar o agradável momento que vivi ontem, dia 25 de Maio, quando me desloquei ao auditório da Escola de Enfermagem de Angra do Heroísmo para assistir a uma excelente conferência, proferida pelo Professor Doutor Raul Teixeira, no âmbito do tema Saúde e Espiritualidade.
Numa breve nota biográfica, o Professor Doutor Raul Teixeira é um cidadão brasileiro, de Niterói, estado do Rio de Janeiro, licenciado em Física, Mestre e Doutor em Educação. Para além disso, é um conceituado espírita e um bem conhecido médium psicógrafo, com muitos livros publicados, que foram escritos pelo seu guia espiritual, de nome Camilo. É também um dos principais mentores de uma obra de assistência social espírita, denominada “Remanso Fraterno”, que apoia, material e espiritualmente, pessoas e famílias carenciadas.
O Prof. Raul comunica facilmente, com eficácia e simpatia e possui evidentes dons de oratória, o que, em conjugação com a plena convicção que carateriza todos os divulgadores espíritas, resultou numa conferência viva e animada. Ontem, confesso que achei o primeiro quarto de hora relativamente morno, porque foi preenchido com generalidades mais ou menos óbvias. Mas depois, o conferencista foi-se animando, perante uma plateia numerosa, interessada e muito atenta. Mesmo sem terem sido feitas grandes revelações, foram abordados e explicados com a aparente simplicidade das pessoas superiores, alguns dos grandes vectores da doutrina espírita.
Infelizmente, não pude ficar para a 2.ª parte, das perguntas e respostas. Gostaria de ter colocado duas questões ao conferencista e é essa reflexão que partilho aqui hoje.
Em primeiro lugar, para mim, assim como, segundo creio, para a generalidade das pessoas, há uma aparente e manifesta injustiça no sofrimento por que passam algumas pessoas “boas” nesta vida e, muito especialmente, quando os sofredores são crianças. Nesses momentos, ficamos revoltados e não entendemos nada da infinita bondade divina e dos insondáveis desígnios de Deus. É claro que a doutrina espírita explica suficientemente este aparente paradoxo. Mas, talvez pela promiscuidade entre Espiritismo e Cristianismo que, nem sempre é benévola ou saudável, muitas vezes uma errónea ênfase é colocada nos conceitos muito caros à Igreja Católica de”culpa, castigo e expiação”. Ou seja, os inocentes sofrem porque já viveram muitas vidas antes, são seres antigos, como todos nós, que carregam muitas falhas nas suas vidas de almas imortais e eternas, que podem estar a “pagar” no presente. Efetivamente, essa impressão ficou clara ontem. Ficou no ar. Claro que não era isto exatamente que o Prof. Raul Teixeira queria dizer. Há aqui coisas a clarificar. E ele tê-lo-ia feito muito melhor que eu, sem dúvida. Os conceitos de base no Espiritismo não são de “culpa e castigo”. Isso é estranho à natureza, infinitamente justa mas também infinitamente misericordiosa de Deus. Os conceitos de “falta”, “falha” ou “erro” existem, já que todos os espíritos são criados iguais, ingénuos e puros e, como tal, ignorantes do Bem e do Mal, que têm de aprender à sua custa, num longo processo de evolução. Mas não há “castigo” nem “culpa” exatamente. Há necessidade de “reparação” e oportunidade de fazer melhor, de aprender e evoluir em cada existência que atravessamos. Quando fazemos uma maldade, provocamos um desiquilibrio na vida do Universo, que teremos, inevitavelmente, de “reparar”, mais tarde. E como voltamos, inexoravelmente, a lidar com aqueles a quem fizemos mal, desfrutamos de muitas oportunidades para “reparar” o mal feito. O modo como isso acontece pode ser misterioso e incompreensível para quem tem a nossa limitada e terrena visão. Mas é importante lembrar que, quando desencarnados, os espíritos participam ativamente da sua avaliação de desempenho e da decisão sobre a sua próxima oportunidade de reparação e de evolução. Obviamente, não temos esse conhecimento, quando encarnados mas isso é outra história…Também é fundamental entender que muitas vezes o sofrimento de uma pessoa está mais ligado à evolução de outras do que às necessidades dela própria. Reconheço que nada disto é simples, pelo contrário é extraordinariamente complexo.
A segunda observação tem a ver com a psicografia, fenómeno pelo qual tenho o maior respeito. Não tive ainda o prazer de ler algo psicografado pelo Prof. Raul. Mas já li muita coisa psicografada. Por exemplo, pelo famoso médium brasileiro, recentemente desencarnado, Xico Xavier, textos ditados pelos seus dois principais guias espirituais, Emmanuel e André Luiz. E há uma série de coisas que me incomodam sobremaneira. Por exemplo, que todos estes textos sejam abundantemente percorridos por um moralismo que, muitas vezes, me parece não exatamente errado mas demasiado primário…Que os textos de Emmanuel e André Luiz sejam, por vezes, tão semelhantes… Deveriam sê-lo? E que não consiga deixar de sentir que muitos destes textos poderiam ter sido escritos pelo próprio Xico Xavier, se ele escrevesse, já que a sua personalidade, as suas ideias e a sua forma de comunicar ficaram conhecidas…
Gostaria de ter confrontado o Prof. Raul com estas questões, que ficam aqui, em aberto, para quem se interessa por estes assuntos. De resto, gostei muito, foi um ótimo momento de fuga à nossa vida material e de convivência com a nossa verdadeira essência, a espiritual. POPEYE9700@YAHOO.COM

terça-feira, 24 de maio de 2011

DESCONTROLE & MOTIVAÇÃO NA CLASSE MÉDICA

DESCONTROLE & MOTIVAÇÃO NA CLASSE MÉDICA


HELIODORO TARCÍSIO


Esta manhã tive um súbito acesso de solidariedade. Não tenho nada de santo e se vivesse em Calcutá, como Madre Teresa viveu, provavelmente fazia a minha vidinha, trabalhava, jantava fora, namorava uma atriz de Bollywood, jogava um críquete e não ligava nenhuma aos deserdados da sorte. Mas, de vez em quando, sinto genuína pena dos que sofrem, como no caso do recente tsunami no Japão. Esta manhã calhou-me sentir pena dos médicos, coitadinhos, que têm sido vítimas de feroz perseguição, pela parte da tutela, chegando a ser tratados como cães.
O Dr. Adriano Paím, diretor do Serviço de Cirurgia do Hospital de Angra do Heroísmo, defende publicamente que os médicos controlados podem desmotivar-se. Naturalmente, pelas regras da boa Lógica, posso daqui inferir a preposição contrária, que os médicos precisam de estar descontrolados para se motivar.
Arrepiou-me sobremaneira saber que um médico desmotivado pode não atender o telefone ás 3 da madrugada. Entendo perfeitamente, eu também prefiro estar a dormir ou a fazer amor com a minha amada a essa hora. Mas, na minha simplicidade de raciocínio, quer-me parecer que, se um médico não atende o telefone ou telemóvel às 3 da manhã (ou os desliga, o que dá no mesmo na prática), está, de alguma forma, a trair o seu juramento de Hipócrates. Não sabemos se Hipócrates era de confiança nem se o seu juramento não foi apenas uma peça de concurso a uns Jogos Florais ou algo do género, uma coisa bonita de se dizer mas meia vaga, generalista e pouco sincera… E eu sou um leigo na matéria mas, arriscaria a dizer que vai ser pouco saudável para um acidentado, para um tipo que teve um AVC ou para um hospitalizado que piorou repentinamente, que o médico de que ele urgentemente precisa, esteja em casa, desmotivadíssimo, a dormir profundamente na sua caminha e não atenda o telefone…Há aqui qualquer coisa que não joga…
Há pessoas que abraçam a carreira da Medicina por genuína e intrínseca motivação. Não me parece que deva ser por qualquer outra razão. É por isso que defendo que a habilitação para o acesso aos estudos médicos não deve assentar apenas nas notas da escola. Essa cretinice, com explicações bastante maliciosas, faz com que estejamos sempre à míngua de médicos e tenhamos que importá-los da Espanha e da Colômbia, onde não são recrutados, necessariamente, entre os marrões da escola. Encontramos frequentemente maus médicos em Portugal e todos tiveram altas notas. Infelizmente, há muita gente que escolhe Medicina pelos proventos materiais e pelo status social. E, como se acham uma classe à parte, intocável até bem recentemente, num Portugal pacóvio, corrupto e atávico, esperneiam e vociferam, quando se começa a colocar em causa aquilo que eles consideram justíssimos privilégios de classe. Como não serem sujeitos a qualquer controle, por exemplo. Aparentemente, isso fá-los sentir motivados, o que não deixa de ser curioso. E eu a julgar que a desmotivação do trabalhador português tinha sobretudo a ver com os baixíssimos salários e o fraco poder de compra…Sabendo que o controle biométrico é uma realidade do mundo do trabalho e está presente atualmente por todo o lado, nas empresas, nos serviços públicos, agora entendo porque os trabalhadores andam tão desmotivados. Pensar que o patrão, o chefe, a tutela, vão saber, todos os dias, exatamente quando chegámos ao trabalho ou o largámos, é realmente de desmotivar qualquer um…Com efeito, antes era bem melhor. Chega-se quando se chegar, parte-se quando se partir. Tem alguém à espera ? Pois que espere sentado e confortável, para isso é que existem cadeiras e ar condicionado. Ai que saudades dos velhos tempos…”O Sr. Doutor já chegou? Não, ainda não chegou… Mas já são 16h e a minha consulta era às 14h…Tenho coisas a fazer, o Sr. Doutor não poderia cumprir o horário? Não senhor, não pode, senão fica desmotivado, cumprir horários é para operários fabris e pilotos de linha aérea. Ah tá bom, obrigado, entendi, só mais uma coisinha, não tem nenhuma revista deste ano?”.
Na minha opinião, só se pode ser médico (a propósito, não estará na altura de mudar esse designação para “técnico de saúde”…?) por sincera vocação, desde que se garanta que pessoas sem o perfil indispensável não chegam lá, mesmo que tenham altas notas. É preciso muito mais que ser inteligente e bom aluno. Um médico tem de ser devotado à sua profissão, aceitar de boa fé as suas condicionantes e caraterísticas únicas. Tem de ser compassivo, solidário, empático e, sobretudo, muito disponível. Tem de ser emocionalmente muito forte e estruturado, para poder lidar da melhor maneira possível com o sofrimento das pessoas e com a dura realidade da morte. Se um médico se sente desmotivado, colocando assim em risco a vida e saúde dos seus pacientes, porque o sistema que lhe paga quer saber a que horas ele entra (e sai, já agora), então se calhar devia pensar seriamente em mudar de profissão. Não digo ir para operário mas, quem sabe, talvez para gestor de uma fábrica de pregos. Ser piloto de aviação civil também dá muito dinheiro e status. A farda é bonita e chama a atenção. Mas a TAP precisa de saber a que horas chegam os pilotos e por onde andam os aviões. É chato mas tem de ser.
Diz ainda o Dr. Adriano Paím que tem um serviço motivado e controlado por ele próprio. Dou-lhe os meus sinceros parabéns. Mas será defensável que a gestão de horários e a assiduidade dos trabalhadores sejam controladas por uma pessoa ? O Dr. Adriano Paím pode até ser um gestor muito eficaz mas não é eterno. E se lhe aparece a prima Alzheimer aos 63 anos ? E pode garantir que o seu sucessor tenha a mesma eficácia, rigor e capacidade de motivação? É claro que não.
Com estas declarações, o Dr. Adriano Paím, independentemente da sua competência técnica, que desconheço, não vêm ao caso e, de qualquer forma, não poderia avaliar, vem mostrar, com evidência, o que NÃO deve ser um médico dos nossos dias. Nesse sentido, as suas declarações são muito úteis. Muito obrigado. Felizmente, não são todos assim. Recentemente, um conhecido médico de Angra (muito obrigado por aquela simpática boleia na Graciosa, há muitos anos), abordou-me na rua da Sé para me cumprimentar pelo meu artigo “Sr. Doutor Bobi?” e para me dizer que concordava inteiramente comigo. O que me tranquiliza minimamente é que também há médicos destes. POPEYE9700@YAHOO.COM

VOLTA LUCKY LUKE!

VOLTA LUCKY LUKE!


HELIODORO TARCÍSIO

Os partidos políticos, os mesmos que, nunca me cansarei de o dizer, são autênticos parasitas sociais, que não acrescentam nada de bom ao país, ignoraram desdenhosamente a petição subscrita por 35.000 pessoas (nas quais me incluo), “Por uma campanha eleitoral sem custos para as finanças públicas” e vão dissipar 6 milhões (!) de euros em duas semanas. Quantia essa que já pagámos, ela vem dos nossos pesados impostos, mas pagaremos de novo, através da subida de impostos, de novas taxas e da sangria dos nossos depauperados ordenados. Quando digo “nossos”, infelizmente não estou a ser universalista, falo da martirizada classe média portuguesa. Nos ricos ninguém tocará, eles sabem defender-se, estão protegidos pelo polvo das relações e dependências e deles depende a solução milagrosa do investimento, que, supostamente, há-de tirar o pais da fossa onde se encontra agora. E quanto aos pobres, coitaditos, eles não podem pagar a crise e têm de ser protegidos. Já Cristo dizia qualquer coisa como “Venham a mim os pobrezinhos”. Ou algo assim, não sou versado nessas coisas. Agora é Sócrates quem o diz e eles vão. Também, para onde haviam de ir…
São os mesmos partidos políticos que enviam deputados para a Europa diariamente, transportados em primeira classe nos aviões. E que depois têm o supremo descaramento de vir defender em público esse indefensável privilégio, dizendo que deve ser assim porque trabalham muito enquanto voam. Essa gente miserável devia ver o vídeo que recentemente recebi (santa Internet!), sobre os deputados suecos, que ganham ordenados perfeitamente medianos, que, quando deslocados, residem em pequenos e modestos apartamentos e que usam os transportes públicos quando viajam. Esses sim, são verdadeiros trabalhadores da causa púbica, que agem por gosto e convicção.
Há alternativas honestas à escandalosa situação que temos vivido há demasiados anos. Mas o bando de abutres que nos têm governado e nos governa, aposta tudo no analfabetismo, o primário e o funcional, de boa parte da sociedade portuguesa, na sua evidente iliteracia, no seu laxismo, apatia e desinteresse. Eles sabem que grande parte dos Portugueses de hoje é ignorante e não quer saber de nada, desde que pingue algum ao fim do mês, mesmo que seja cada vez menos mas que vá dando para o tabaco e cheiro no café e que o Benfica vá ganhando umas coisas. Neste momento, eu poderia falar em ajuda divina mas as piadas sobre o Benfica, que incluem o nome de Jesus, estão a ficar muito vistas…Resumindo, os políticos sabem perfeitamente que grande parte do povo português come e bebe, dorme e defeca mas…não pensa.
Entretanto, o circo eleitoral está já montado, com os palhaços do costume e um ou outro contorcionista com uma habilidade nova. E aqui, a minha estupefacção não tem limites. Sócrates, o líder do bando que levou o país à pura e simples bancarrota em seis anos, é de novo candidato, tem votos, aparece bem maquilhado nas sondagens, tem cartaz, tem até hipóteses. E quando essa criatura abre aquela boca bem falante, que fica logo abaixo do seu conspícuo nariz de Pinóquio, nem uma única vez é para reconhecer as suas culpas e pedir perdão ao país. Não se apresenta na televisão como devia, se tivesse vergonha na cara, descalço, com bordão de penitente e a cabeça coberta de cinzas. Não, aparece bem vestido, em bicos de pés e é sempre para culpar alguém; ele é a crise internacional, essa negra criatura, ele é os facínoras da oposição, essa quadrilha de malfeitores…Eu acrescentaria o Eusébio, que nada disse este tempo todo e Nossa Senhora de Fátima, que, esquecendo-se da bovina devoção do bom povo português, não realizou um único e singelo milagre para nos tirar da crise. Como não consigo acreditar que o povo português seja ASSIM tão estúpido, então a única explicação só pode residir na falta de alternativas. Ou uma coisa híbrida, estupidez crónica e falta de alternativas, talvez seja mais razoável.
Os Irmãos Dalton tomaram conta do país. Volta Lucky Luke e até podes fumar em público. POPEYE9700@YAHOO.COM

SR. DOUTOR BOBI ?

Sr. Doutor Bobi ?



HELIODORO TARCÍSIO

Fiquei deveras surpreendido ao abrir o Diário Insular de 5 de Abril e deparar com declarações do presidente da Ordem dos Médicos nos Açores, a respeito da entrada em funcionamento do serviço biométrico no Hospital de Angra. O meu limitado inteleto não acompanhou os raciocínios dele. Não admira, ele deve ser médico, doutro universo, um crânio, eu não tive médias de 18 e 19 no secundário. Diz ele que a tutela trata os médicos “como cães”. Eu entendo pouco de Medicina, mas dá-me ideia que não…O que será que o senhor doutor quis dizer com aquilo?! Será que lhes andam a servir carne com demasiado osso nas cantinas dos hospitais? Coitados, não quero crer…Alguém terá mesmo partido um dente? Terá ocorrido alguma infestação por pulgas, com origem na tutela? Há surtos de esgana entre eles? Obrigam os médicos machos a urinar contra a parede ou contra alguma árvore? São atendidos por veterinários quando a doença os atinge? Alguém quis, alguma vez, obrigá-los, a usar uma coleira, fora do âmbito de jogos sado-maso? Obrigam-nos a usar chip? Avaliam-lhes a saúde pelo estado dos caninos quando os contratam? Têm de disputar as fêmeas no cio com todos os colegas? Cheiram o rabo uns dos outros, como cumprimento? Têm a mania de se pôr numa posição impossível e fazer sexo oral a si próprios? São promíscuos e pouco asseados? O senhor doutor não nos concedeu a gentileza de partilhar com o público as suas ideias. Disse mas não explicou. Ficámos nas trevas, tal como toda a gente no Estádio da Luz, domingo passado.
Contudo, adiantou também que a tutela trata os médicos como o Marquês de Pombal tratou os Jesuítas. E sobre esta execrável criatura, eu já sei algo mais…E já consigo entender um pouco do que estaria na iluminada cabeça do senhor doutor. As políticas de D. José I foram claramente influenciadas pelo despotismo esclarecido e pelo absolutismo francês. Confesso que não acho os nossos déspotas nada esclarecidos. Mas, mais que influenciados, somos comandados pela Europa. E se não é pelos franceses, é pela Alemanha, o que é, realmente, muito semelhante. Também me parece bem possível comparar a ascendência que tinham os Jesuítas do séc.XVIII com a enorme influência que sempre tiveram os médicos na sociedade portuguesa. Daí, até à cruel tutela, decidir persegui-los, expulsá-los e até exterminá-los, vai um passo. A gente sabe como essas coisas começam. Com pezinhos de lã, começam por impor coisas duras mas minimamente razoáveis, como tetos salariais e regimes de exclusividade e, quando os pobres dos médicos menos esperam, pimba, saltam-lhes em cima com coisas hediondas e exigências desmesuradas, como, por exemplo, picar o ponto. Como é que isto é possível? Picar o ponto?! Como se atreve uma tutela, qualquer que seja, a querer saber quando chegam e quando abandonam o serviço, os profissionais que paga, muito bem pagos, ao fim do mês? Onde é que já se viu ?! Então um médico, não pode dormir até mais tarde? Demorar-se no café, a conversar com os amigos? Dar um mergulhinho na piscina (que há-de ter uma lá em casa, de certeza…)? Encontrar-se com a/o amante? Intolerável esta intrusão na vida privada dos médicos…Não é para admirar que, com atentados deste calibre, os dirigentes, coitados, percam a cabeça e venham para os jornais dizer disparates.
Não sei escrever em regime de seriedade, mas, sinceramente, fora de brincadeira, não resisto a dizer o seguinte: é por ter havido sempre e por haver ainda muita gente assim, em Portugal, gente que se julga melhor que os outros, com direito a um sem número de privilégios, a regalias e tratamentos especiais, que o nosso país se transformou nesta pobre miséria atual, que é a chacota do mundo, a pedir esmola ao Brasil.
Portugal foi ao fundo. É por isso que nem consigo criticar as opções estratégicas de Paulo Portas. Ele sabia, por isso comprou os submarinos. POPEYE9700@YAHOO.COM

O NÔJO DA POLÍTICA

O NOJO DA POLÍTICA



HELIODORO TARCÍSIO

Sou admirador das crónicas de Cláudia Cardoso (C.C.) , que leio sempre. São como flores no triste, árido e desinteressante deserto que costuma ser, geralmente, a secção de opinião do Diário Insular, com poucas exceções.
No entanto, a mudança é radical quando ela assume a sua faceta política. Isso estraga tudo. Como não posso crer que uma pessoa, obviamente inteligente, culta e sensível, acredite nas patacoadas politicamente corretas que escreve, em defesa do seu partido, só posso pensar que o faz por dever partidário, por lealdade institucional.
É um bom exemplo a sua crónica do dia 15 de Abril. Do princípio ao fim, é um discurso completamente politizado (logo sem inteligência, liberdade inteletual e espírito crítico), em que, basicamente, faz a desculpabilização do seu partido e a culpabilização dos partidos da oposição.
Ora, eu, como indivíduo absolutamente apartidário, tenho outra leitura dos acontecimentos recentes. E como tenho C.C. na conta de uma pessoa bastante inteligente, acredito que, no fundo, tenha uma leitura semelhante. É por isso que a política é a suma arte da hipocrisia.
O nosso país chegou ao estado em que está, por motivos que não são difíceis de identificar, na generalidade: má gestão ou gestão danosa, incompetente e medíocre; péssimos políticos, gestores e governantes (as melhores pessoas do país, não vão, de modo nenhum, para a política, tem mais e melhor que fazer…); incapacidade para desenvolver o país e aproveitar os muitos fundos estruturantes que vieram da CE; corrupção generalizada e construção de um sistema de aproveitamento pessoal e promoção de interesses individuais e corporativos; favorecimento dos grandes banqueiros e empresários. Os protagonistas deste filme são os governantes do PS e do PSD, que estiveram à frente dos destinos do país, depois da nossa entrada na CE. Antes disso, penso que ainda vivíamos no rescaldo do 25 de Abril e o processo de construção de uma nova sociedade era ainda primário. Isto significa que os culpados têm nomes, muitos nomes aliás, mas à cabeça têm sempre de vir os líderes, porque são eles os responsáveis máximos e os rostos das políticas adotadas. Falo, portanto, de Cavaco Silva, de Durão Barroso, de Santana Lopes (coitada da criatura…), de Guterres, de Sócrates, etc. É evidente que concordo com C.C., quando diz que a principal motivação de Passos Coelho e do PSD em geral, é a tomada do poder; os barões do partido devem ter ficado positivamente enlouquecidos com a oportunidade que vislumbraram; penso que a nobreza de conceitos e atitudes é um valor totalmente ausente da atividade política. O CDS-PP é um partido oportunista, sempre na brecha, perseguindo qualquer oportunidade de participar da gamela do poder e fazer passar as suas pobres ideias conservadoras e retrógadas. A partidos como o BE e PCP interessa a política de terra queimada, a fim de, num cenário de caos, terem oportunidade de fazer passar ideias mais radicais, estranhas a uma maioria da população portuguesa e difíceis de implementar no mundo materialista e individualista de hoje. Tudo isto é verdade e provavelmente estaremos de acordo nisso. Mas nada disto invalida que Sócrates tenha sido o governante dos últimos seis anos. Com ele e com a sua corte, a dívida pública só fez piorar. E não me venham dizer que os culpados são os funcionários públicos, isso revolta-me até à medula. Mesmo que não o digam abertamente, são sempre eles que pagam as favas. Há quanto tempo os seus ordenados estavam congelados ou tinham baixíssimos ou mesmo falsos aumentos? E há quanto tempo estavam congeladas as admissões na Função Pública? Há quantos anos estavam já em vigor pretensas medidas de racionalização de despesas no setor público? O país continuou a afundar-se, com Sócrates, apesar dos claríssimos sinais, internos e externos, de crise iminente, porque, no fim de contas, nada realmente importante, foi feito para mudar a política portuguesa, pelo contrário, continuou-se com a mesma política canibal, alimentando o sistema de corrupção e desvario, com alguma megalomania ligeiramente paranóica pelo meio. Um país onde já muita gente passa fome e revira no lixo, pode construir TGV’s? Claro não, pelo menos não antes de implementar sistemas de CPT (Comida para Todos).
Agora, sobre o início da crise atual, tenho a minha própria teoria. Atualmente, qualquer bicho careta é comentador político, porque é que eu próprio não hei-de meter a minha colherada? Para mim, é evidente que a crise foi despoletada pelo próprio PS e por Sócrates, de forma intencional, com um aparente tiro no pé, o famoso episódio de novela sul-americana, que tem o nome de PEC4. Como Sócrates não tem nada de estúpido (os políticos de topo, regra geral não são estúpidos, são é competentes mentirosos) nunca cometeria um acto de aparente suicídio político. Tudo aquilo foi muito bem arquitetado e Passos Coelho, que ainda é um bocadinho imaturo e ingénuo como político, mordeu logo o anzol. Sócrates bem sabia que o país estava a bater no fundo, que o PEC4 não seria suficiente e que, em termos de saneamento financeiro e recuperação da economia, seria preciso um tsunami pior que o do Japão. Que Passos Coelho e, de uma forma geral, a pobre opinião publica portuguesa, nunca aceitariam. Assim, tudo se está a passar como Sócrates previu, nada disto é culpa dele, é culpa da oposição, sobretudo do PSD e ele pôde então montar, coerentemente, este cómico cenário de vitimização, a que temos vindo a assistir. Com o PS a cerrar fileiras, de lágrimas nos olhos, em torno do Querido Líder (tudo com muito medo de perder o poder e as suas benesses), Sócrates surge agora travestido de Novo Herói, sem culpas, ele próprio uma vítima inocente. Chama-se a isto baralhar e dar de novo mas sem mudar de jogo, claro. Portugal tem a cabeça no cepo, os culpados são os partidos da oposição e o carrasco chama-se FMI. Que nojo tudo isto me mete…
POPEYE9700@YAHOO.COM

OS EQUÍVOCOS DE MARANATHA

OS EQUÍVOCOS DE “MARANATHA”


HELIODORO TARCÍSIO

Já tinha percebido que em “Maranatha” as mulheres são devolvidas à sua condição natural de fêmeas reprodutoras e ao seu sagrado papel de mães. Prolongado por muitos anos, tantos quantos os do seu período fértil pois foi dito “crescei e multiplicai-vos”. Quando lhes secarem as trompas de Falópio, poderão sempre desempenhar o papel de avós, uma espécie de mães reaproveitadas. Nada há a temer, por todo esse tempo, os seus machos proverão o sustento da família, a menos que sejam alcoólicos crónicos ou repatriados. Mas nesse caso, entrará em acção a Caritas, para matar a fome às pessoas. Seja como for, todos se encontrarão aos domingos na santa missa, onde entoarão em coro hinos mais ou menos afinados. E se desafinarem, isso não terá importância pois perdoar é divino e nem consta que Jesus cantasse.
Também já tinha inferido, aqui há tempos atrás, que em “Maranatha” recuaríamos uns quantos séculos e o ensino voltaria a estar nas mãos de entidades religiosas. Não fica claro quais seriam mas algo me diz que muçulmanas não (definitivamente), nem budistas, nem evangélicos nem hindus… Algo me diz que se trataria de colégios católicos e que teriam o medonho crucifixo pendurado na sala, por detrás da secretária do Mestre. “Do Mestre” porque se as mulheres, essas tentadoras, não servem para sacerdotes, também não devem dar para professores. Além disso, quem cozinharia o caldo de couves, varreria o chão do lar e limparia o rabiosque da petizada? Enquanto os homens fazem essas coisas chatas de homens, governar, caçar, jogar futebol, beber…
Agora fiquei também a saber que o primado da razão, nascido no calor da Revolução Francesa não passa de uma série de “equívocos”…Quando olho para a história da Humanidade, consigo ver um percurso evolutivo, do qual faz parte, indubitavelmente, a Revolução Francesa, com todos os seus excessos e até contradições. Ao decepar os alvos pescoços aristocráticos, a Revolução Francesa cortou também com as tradições do Antigo Regime.
Passemos aos “equívocos” de “Maranatha”: “Não é óbvio que antes da Revolução Francesa só haja ignorantes”. Eu teria usado a forma verbal “houvesse” mas o cerne da questão é que no Antigo Regime, a maior parte das pessoas era mantida na mais negra ignorância e a Educação era ainda dominada pelo clero, que a usava sobretudo para se auto perpetuar, transmitir os seus valores e… para dominar a sociedade, de parceria com as elites governantes. E já que falámos de Revolução Francesa, é justo referir que as autoridades católicas não cortavam as cabeças aos investigadores heréticos. De forma muito mais natural e até higiénica, preferiam queimá-los vivos.
“Não é óbvio que as habilitações académicas façam uma pessoa melhor”. Pois não… ainda assim, eu prefiro um malandro culto e educado. Se tiver de ser assaltado, prefiro que não me magoem e me peçam desculpa pelo incómodo, apelando para a minha compreensão. Precisamente o que está a acontecer com Sócrates e o seu Ministro das Finanças. Lá está, assaltam-nos mas são bem-educados e tentam explicar-nos as suas razões, ao mesmo tempo que nos aparecem na TV limpinhos e penteados. Através de uma educação universal, aberta e imparcial, podemos, pelo menos, evitar os muitos crimes cometidos por ignorância, parente próxima do fanatismo.
“Já passaram duzentos anos e não é óbvio que os modernos tenham sido bem sucedidos”.
Dêem-lhes tempo. Os Antigos tiveram milhares de anos e não criaram nenhum paraíso, antes pelo contrário, tivemos que lhes cortar as belas cabeças para pararem de vampirizar o povo. Duzentos anos são um grão num arrozal chinês.
A Humanidade está a mudar. Os erros ainda são muitos e não sei se vamos a tempo. Mas há muita consciência a germinar. E esta, apesar de tudo, foi semeada na Revolução Francesa e na liberdade ensanguentada que as suas guilhotinas nos legaram.
Na verdade, eu sou um reles plebeu, nascido no século XX, que teve acesso à Educação, sem ter que vestir uma sotaina. Desenvolvi a minha capacidade de análise, o meu espírito crítico e o meu livre arbítrio. É por isso que, raios e coriscos, tenho de confessar, há coisas em “Maranatha” que me atraem. Se por lá não se aprecia esta civilização tecnológica, vazia de fé, escravizada pelas teorias neo-liberais, metida em shoppings, intoxicada pelo espírito competitivo e dominada pelos senhores do mundo que negoceiam petróleo, armas, drogas, dinheiro, poder e influência, então, contem comigo. Isto é, se prometerem que não me crucificam e que não tentam converter-me, pois a minha curiosidade faz-me manter aberto a todas as verdades que me aparecem pela frente. Daí ser inconversível.
Agora, se em “Maranatha”, eu puder passar os dias, com tempo aprazível, sem alterações climáticas, vestido com uma simples toga branca por cima de uns boxers, vagueando placidamente, de praça pública em praça pública, sem horários, a discutir filosofia e depois houver alguém que, na hora da refeição, me sirva uma sopinha, uma frutinha, um iogurte, sem me exigir que trabalhe, então, meus caros, “Maranatha” é bom e eu quero mais. POPEYE9700@YAHOO.COM

O SISTEMA

O SISTEMA


HELIODORO TARCÍSIO

Pobre povo português… tão inculto, ignorante, inconsciente, desinformado, tão inerte…
Quando penso na situação atual do nosso país, lembro-me de Dias da Cunha, antigo presidente do Sporting Clube de Portugal. Na época do seu exercício, era comum vê-lo a denunciar a existência de um “sistema” no futebol, uma organização sombria e tentacular, agindo no mundo do futebol profissional e que estava por detrás de numerosos crimes de corrupção, passiva e ativa, de subornos, de tráfico de influências e de tentativas de manipulação do fenómeno desportivo em benefício de determinadas equipas e em prejuízo de outras. Na altura, Dias da Cunha não tinha muito crédito e riam-se dele, não só porque o Sporting já tinha iniciado a descida que havia de o levar, inexoravelmente, ao profundo abismo em que se encontra agora, mas também devido aquele ar vagamente alcoolizado, de nariz apimentado e voz entaramelada , que ele exibia em permanência. O caso é que, algum tempo depois, os factos deram-lhe razão. Veio o processo Apito Dourado e a caldeirada que todos conhecemos, dinheiro a rodos, relógios suíços, viagens e meninas que faziam companhia. Existia mesmo um “sistema”, do qual as faces mais visíveis, mas não únicas, eram Pinto da Costa e o clã Loureiro. Lavou-se muita roupa suja, os media deliraram com o tema e, no fim, a montanha pariu um rato, como de costume, muito por culpa da medíocre justiça portuguesa. Pinto da Costa por cá anda, contente da Silva, um pouco mais velho, já que há coisas que nem ele consegue manipular. Depois de uma efémera passagem pelos braços da legítima, acabou de conhecer a sua segunda sogra brasileira. E sobre esta matéria cor-de-rosa já me calo, o Cláudio Ramos estará muito melhor informado do que eu, felizmente
A questão é que no nosso país existe um outro “sistema”, este muito mais grave, porque mexe com os interesses de todos nós e não só da tribo do futebol. Este “sistema” foi-se instalando devagarinho, depois do 25 de Abril, depois de passada a euforia revolucionária, em que coisas realmente grandiosas se passaram e alguns homens mostraram o seu melhor e o seu pior. Isto de derrubar um governo e conquistar um país com cravos a entupir as espingardas e uma frota de tanques que parava nos sinais vermelhos de Lisboa, é de morrer a rir , por um lado mas, por outro é profundamente comovente e bem português. Foi uma revolução à Raul Solnado. Regressada a soldadesca aos quartéis, secos os cravos vermelhos, acabaram-se os idealismos e, pouco a pouco, as ideologias foram cavando a sua própria sepultura, ao longo do processo, muito mais prático e complicado, de construção de uma sociedade que, dizia-se, seria democrática, livre e justa.
Passados todos estes anos, a sociedade portuguesa será, talvez, democrática, nos princípios mas não o é na sua prática. De forma insidiosa mas segura e imparável, foi-se montando um sistema que foi contaminando toda a vida pública da sociedade portuguesa, como se de um envenenamento por chumbo se tratasse. Montaram-no os políticos portugueses, especialmente os dos partidos social-democrata e socialista. Esta não é uma visão partidária já que, nesse aspeto, sou profundamente democrático. Desprezo, por igual, todos os partidos. Refiro-os porque, inegavelmente, estes partidos dominaram a actividade política nacional, desde o 25 de Abril até aos nossos dias. Os partidos do poder e os seus líderes, deputados, primeiros-ministros, governantes, presidentes da República, presidentes de Câmara e de juntas de freguesia, todos esses, uns com maiores responsabilidades do que outros, criaram o Portugal que temos hoje, no início do século XXI: um país de corruptos, de analfabetos, de ignorantes e incultos, com uma agricultura arrasada, uma fraca pecuária, uma pesca que vive dias de amargura, uma indústria na bancarrota, um comércio falido e uma sociedade pobre e exaurida. O sistema assenta na exploração da maior parte da sociedade portuguesa, que aufere baixíssimos salários e é sobrecarregada com impostos e taxas, que uma maquiavélica administração fiscal refina e alarga cada vez mais. O sistema foi montado para beneficiar os políticos e os seus amigos, familiares e parceiros, que são empresários, banqueiros, juristas, manda-chuvas de toda a ordem. É por isso que, enquanto a maior parte da população ia vegetando, ia-se “desenrascando”, muito à portuguesa, grandes fortunas foram crescendo e todo o tipo de esquemas e fraudes se foram montando, sob uma aparência “democrática”. Foi-se montando assim o país dos elevados vencimentos dos políticos, das reformas douradas, das negociatas obscuras, da destruição da costa portuguesa pelos lobbies da construção civil, da escravização das pessoas aos lobbies da indústria automóvel e petrolífera, do cortejo interminável dos amigos dos políticos e dos ex-políticos colocados em empresas públicas com ordenados principescos, dos submarinos de Paulo Portas .Lá de vez em quando, a Justiça faz de conta que funciona, para manter as aparências e homens como Dias Loureiro, Isaltino de Morais, Amando Vara e outros “inocentes” que tais, saltam para a ribalta. Mas, inevitavelmente, as coisas acabam por se acalmar, até porque há muitas manobras que o permitem, com a conivência do nosso sistema judicial. Isto funciona porque o povo português, como se soube recentemente, conta com a maior percentagem de analfabetos da Europa e é tradicionalmente amorfo, inerte, desinteressado e fácil de enganar. É com essa apatia que os políticos contam, para continuar a desenvolver os seus esquemas. É claro que o povo português não é estúpido, de uma forma geral. Mas é crédulo e relaxado e, mesmo quando se apercebe das maroscas (graças ao poder atual dos media), reage preferencialmente de duas formas: desinteressa-se e concentra-se em sobreviver e “desenrascar” a sua vida ou, tenta perceber como pode, ele também beneficiar dos esquemazinhos e ganhar a “sua parte”. E assim vai andando a democracia portuguesa, quase dez milhões a trabalhar para sustentar uns poucos milhares de chicos-espertos.
E como pouco foi feito, ao longo do todo este tempo, para educar a população e desenvolver material e socialmente o país, quando este bate no fundo, por sucessiva administração danosa, os políticos, mentirosos e pérfidos, fingem que estão dispostos a reformar e têm o cinismo de baixar salários que sempre foram baixos e que há muitos anos vinham a ter aumentos praticamente nulos ou falsos e aumentam a carga fiscal, que já era uma das mais pesadas do mundo. Recusam a intervenção do FMI, apelando, com toda a hipocrisia ao orgulho nacional, quando, na verdade, sabem que esse último recurso, que cada vez mais reputados especialistas em economia classificam como inevitável, muito provavelmente os derrubaria do poleiro.
Hoje, 9 de Março, a minha última esperança chama-se 12 de Março. Que esse movimento, com origem em estudantes sem futuro, recém-formados sem emprego e desempregados de todos os tipos possa capitalizar o descontentamento que grassa no país e possa, finalmente, levar os portugueses a protestar em força, mostrando que têm capacidade crítica, amor próprio e que não têm sangue de barata.
Não sei que sistema pode funcionar. Mas tenho a certeza absoluta que este não presta para nada. De um ponto de vista civilizacional e filosófico, acredito num sistema completamente diferente, sem partidos políticos, sem políticos profissionais, sem barões . Mas o mundo ainda não está preparado para isso. Por ora, basta-me acreditar que, para criar um mundo novo, é preciso destruir o velho. É um processo de renovação, só aparentemente é mau. Para instaurar a democracia possível em França (um dos países mais democráticos do mundo – veja-se o problema atual de Jacques Chirac…), foi preciso o povo revoltar-se e cortar o pescoço aos aristocratas do mundo que então se extinguia… Se fosse eu a Sócrates, nos próximos dias não saía muito de casa e, se saísse, andava com uma coleira daquelas das operações à coluna. POPEYE9700@YAHOO.COM

NADA É PARA SEMPRE

NADA É PARA SEMPRE


Heliodoro Tarcísio



Recentemente, na edição do DI de 18 de Fevereiro, um prezado articulista escreveu sobre temas que me são caros, amor, casamento e divórcio. Para estar à mesma altura, ponderei seriamente identificar-me no final deste artigo como formador de Náutica e Navegação. Não tem nada a ver ? E “professor de Língua Portuguesa” tem ? Ainda se fosse jurista, político profissional, padre, pastor ou psicanalista… Ah, já sei, deve ser porque, na sua qualidade de professor julga lidar amiúde com as consequências das pobres famílias destroçadas pelos malefícios do divórcio, esse tenebroso inimigo da sociedade, só comparável ao vício da droga, à criminalidade, ao relativismo e claro, ao casamento homossexual.
Seja como for, o artigo em questão era até uma peça de joalharia, não exatamente uma jóia preciosa mas também não tinha nada de quinquilharia. Romântico, enternecedor, com um toque literário até, poderia ter-me humedecido os olhos se não veiculasse perspetivas com as quais estou em completo desacordo.
Já antes me referi a este assunto nas páginas deste jornal. Mas como as pessoas se casam e, felizmente, se divorciam, todos os dias, este é um tema sempre atual. Que o caríssimo articulista principia por tratar com jurídica seriedade, apontando um aparente paradoxo legal: não é possível, atualmente, perante a lei, casar para sempre. E eu acrescento, ufa, ainda bem! Minha rica lei, que em tantas ocasiões nos castigas e nos vergas a espinha, por vezes também tens uns rasgos de inteligência, compaixão e humanidade. Nem toda a legislação há-de ser sobre mais impostos e taxas, menos regalias e apoios sociais e cortes nos ordenados. De vez em quando, algum legislador desalinhado há-de se preocupar com a felicidade das pessoas.
Bom, por muito riquinho que seja, o texto publicado só aparentemente é inteligente. À questão colocada, sobre a forma de efabulação, relacionada com a possibilidade de escolher entre duas formas de casamento, a atual, que pressupõe um fácil divórcio e uma outra, que só não é fantasiosa porque é quase decalcada de um triste passado recente e implica um compromisso inquebrantável para toda a vida, respondo sem hesitação: eu próprio escolheria a segunda hipótese. Pois quem é que não casa cheio de boa vontade e de ilusões, de peito aberto e sem medo ? O pior é o que vem depois. É que, para saber bem o que é casar , é preciso dar esse passo e ficar por lá uns tempos. “O amor é louco”, escreve o autor. Talvez seja por isso, que tantos protagonistas de casamentos infelizes saíam dos consultórios dos psiquiatras encharcados em tranquilizantes e anti-depressivos, quando não iam mesmo parar a um hospício… Não é que agora isto não aconteça. Não há nada como um mau casamento para avariar os fusíveis de uma pessoa. É pior ainda que a humidade. Só que antes, a solução óbvia, o divórcio, era um bico de obra. E agora, é fácil e barato. Que não, clamam alguns, nunca devia ter deixado de ser difícil e demorado. Idealmente, devia ser mesmo impossível. Só morrendo.
Fico cansado de tentar explicar as coisas a esta gente. O mal não está no divórcio. Este é , sobretudo, uma solução. Normalmente, é a única que realmente funciona. Quem condena o divórcio, ignora por completo, o quanto é preciso ser inteligente, emocionalmente maduro, compreensivo, tolerante e compassivo, para reconhecer e aceitar, pacificamente, os sinais do fim. O quanto é preciso amar a outra pessoa para ser capaz do supremo gesto de amor: vai à tua vida e sê feliz com alguém diferente de mim. Nada é para sempre na vida. Nem sequer o Sol. Porque deveria sê-lo o casamento ?
Ser contra o divórcio é também fazer de conta que não se sabe que a maior parte dos divorciados constitui outras famílias que, muitas vezes, se relacionam com a primeira, devido aos filhos, gerando uma enorme e feliz teia de relações sociais. Porque é que essas novas famílias não hão-de ser felizes e hão-de ser piores que as outras ? O divórcio é a causa de problemas sociais graves ? Perdoem-me mas isso é mentira. As causas dos problemas sociais e familiares são bem mais complexas do que isso. O divórcio é uma simples consequência. Acredito que se relacionem sobretudo com a loucura da Humanidade, do mundo que construímos, sem referências éticas, materialista, egoísta, poluente, corrupto, assente na trilogia do dinheiro, do poder e do sexo. Mas, como é bem mais fácil arranjar um bode expiatório…salta o desgraçado do divórcio.
Como antigo professor (que, no fundo, nunca deixamos de ser), discordo em absoluto que um professor “(…) espera, mais tarde ou mais cedo, problemas num aluno cujos pais se divorciaram”. Que afirmação mais infeliz e redutora. Ainda se tivesse escrito que é de esperar problemas em alunos cujos pais já não se amam…
Não me posso alongar muito mais, estou bem avisado pelo DI quanto ao tamanho dos meus artigos. Mas, nesta tribuna, não posso deixar de oferecer o meu testemunho pessoal nesta matéria. Duplamente divorciado, casado pela terceira vez, tenho três filhos e um quarto a caminho. Se eu fosse sueco, já tinha a vida feita. Com sou português, à medida que vou gerando filhos, vão-me diminuindo o ordenado. Quanto aos meus filhos, a crer no nosso articulista, eles deviam andar cheios de “problemas”. Pois bem, foram sempre crianças estáveis e felizes, absolutamente normais, tirando as normais crises de adolescência. Nunca consumiram drogas (não me refiro à droga oficial do regime – o álcool), a mais velha já se licenciou e o outro a seguir está no 1.º ano da faculdade. Estão ótimos. Quanto á terceira, filha de outra mãe, é uma doce menina de 12 anos e espalha encanto e felicidade por onde passa. São filhos de pais divorciados. Mas talvez porque aconteceram divórcios muito cedo, eles não assistiram à degradação das relações familiares, não participaram de cenas de agressão, física e psicológica, violência, ódio e desamor. Entre nós, imperou sempre o respeito e nunca deixou de haver convivência regular e amor de pais e filhos. Por isso, eles nunca tiveram “problemas”. Cresceram felizes. Não são frutos apodrecidos. Apesar das vicissitudes da vida, a gente ama-se e vamos continuar assim. Como se vê, até radica tudo no amor, o único poder que deveria reger o mundo. Mas é o amor verdadeiro, espontâneo, generoso, benévolo e saudável, não é o amor obrigatório, imposto pelas leis , sujeito à sanção familiar e exposto à vigilância atenta das vizinhas da nossa rua. Não é, enfim, o amor contra natura.
Uma última observação: o aço, mesmo inoxidável, está a ficar fora de moda, como símbolo de resistência. Temos de nos manter atualizados. Aconselho a fibra de carbono. POPEYE9700@YAHOO.COM

MUNDO NOVO

MUNDO NOVO



HELIODORO TARCÍSIO


Os últimos tempos têm sido marcados por grandes convulsões. Política e sócio económica em Portugal, sísmica e nuclear no Japão. Apesar de tudo, ainda saímos favorecidos. Não me desagradam de todo os tempos das grandes convulsões. Não é que tenha qualquer prazer no sofrimento das pessoas, longe disso. Mas a Humanidade precisa desses fenómenos para aprender e evoluir. Foram necessárias as terríveis hecatombes das duas Guerras Mundiais, para as pessoas perceberem até que ponto podiam chegar os resultados de um conflito generalizados com as armas sofisticadas que a Humanidade já possuía. Ninguém acha possível que algo de semelhante possa ocorrer no contexto atual, em que se tenta sempre privilegiar a via do diálogo. Claro que não estamos livres de alguma loucura de regimes radicais, como os fanáticos do Irão ou os doidinhos da Coreia do Norte. A crise nuclear do Japão que, no momento, em que escrevo, está muito longe de encerrada, já está a ter o efeito positivo de fazer repensar o recurso a um tipo de energia extremamente perigosa e instável, que tem, inclusivamente, poder para destruir o mundo, de diversas formas.
Pensando em Portugal, a minha maior angústia tem a ver com a falta de alternativas. As crises políticas e sísmicas até podem ter um certo paralelismo. Derrubar tudo, para construir de novo. Mas construir com o quê ? Com a mesma tijoleira e argamassa? Irá tudo ao chão de novo, é uma questão de tempo. Com todo o distanciamento partidário que quem faz o favor de me ler, sabe que tenho, afirmo que não há, em rigor, qualquer diferença entre socialistas e social-democratas. Mais preocupação (relativa, muito relativa, como temos visto) com os apoios sociais para uns, mais liberalismo económico para outros. E cessam aí as diferenças, a fauna que por lá pulula é, essencialmente, da mesma família animal. Têm outro rótulo mas são os mesmo políticos profissionais, sedentos de poder e benesses, com o seu imenso cortejo de amigos e oportunistas, de lambe-botas e sabujos, de carreiristas de toda a espécie, de empresários sem escrúpulos e de banqueiros, que até podem ser do Opus Dei mas que acabam fazendo as mesmas patifarias que os outros. Passos Coelho passa por ser, no momento, o campeão das hostes dos deserdados da sorte e dos insatisfeitos. Ainda por cima exibe aquele ar de betinho bem comportado, de cristão liberal e genro ideal. Mas, infelizmente, não tenho muitas dúvidas. Não acredito que possa ser O POLÍTICO, realmente corajoso e de elevado sentido ético de que o país precisava agora. Alguém que arrasasse o sistema, a que já me referi nestas páginas, que domina e apodrece o país, montado ao longo dos anos, essencialmente pelos políticos social-democratas (Cavaco Silva incluído, sem dúvida) e socialistas. Nenhum lobo vai trair a sua alcateia. Nem os lobos mais velhos deixariam.
Do que realmente precisávamos era de um mundo novo. É a minha utopia privada mas vou insistir nela enquanto for vivo. Uma pessoa nunca perde o direito de sonhar. No meu mundo, há democracia, sem dúvida, mas não há políticos profissionais nem o poder está entregue a partidos políticos. Sei que chego ao cúmulo do lirismo quando digo que nesse mundo, o maior poder seria o do amor e não do dinheiro. O amor genuíno e universal, não o que é formalizado e ditado pelas religiões instituídas. Como a religião católica “meus filhos, amem-se uns aos outros mas, atenção, é homens com mulheres, entendido ???”.
No meu mundo, o transporte seria basicamente o coletivo, à base de energias limpas. Se não somos capazes de as criar, então ficamos quietos e esperamos até ficarmos mais inteligentes. Deixava o petróleo onde está. Tenho a certeza que a natureza não o criou para a gente o transformar em plástico e espalhá-lo por todo o mundo. Chega de esburacar a terra. Nós estamos, nitidamente, no mau caminho. Só inventamos coisas que estragam, que poluem,, que já ameaçam, até, destruir o nosso planeta e a sua luxuriante vida, que levou tantos milhões de anos a evoluir. Que porcaria de civilização que somos…
Precisamos realmente de um mundo novo. Um dia destes farei uma proposta a sério e garanto que será muito diferente deste e do de Maranatha também. Talvez tenhamos que arrasar o mundo antigo. Talvez seja necessário um grande sismo e uma data de tsunamis. Os próximos tempos não serão de imobilismo e pasmaceira. Vai haver mudanças. Isso já é bom. E mesmo, sem sismo, tenho a grata impressão que vamos , pelo menos, ter um pequeno e muito cirúrgico tsunami, que vai levar de arrasto, Sócrates Pinóquio e o seu insuportável e trombudo Ministro das Finanças. Ah, lamento ter desiludido quem, no principio deste artigo, pensou que ia ler uma analise política à maneira. Não sou desse filme. Sou de um filme de autor, daqueles obscuros, pouco conhecidos e não comerciais. POPEYE9700@YAHOO.COM

CRÓNICA DISTO E DAQUILO E DE ETECETRA E TAL

CRÓNICA DISTO E DAQUILO E DE ETECETRA E TAL






HELIODORO TARCÍSIO


Estou de volta. Lamento mas é a pura verdade. Para consolo de alguns e desprazer de outros. Paciência, nem Jesus Cristo agradou a todos e eu sou apenas um pobre mas feliz pecador. Antes a dentada de um cão rafeiro que a indiferença de um gato persa. Hoje, vim ver se meto uma pincelada de cor, desvairada e inconsequente, neste cinzento e invernoso panorama local. Afinal, regresso de uma temporada nos trópicos, de onde trouxe uma perna direita nova, livre de um inútil metro de safena mais dilatada que um pipeline de petróleo e de um quilograma (literal) de veias varicosas. A perna esquerda está igualmente queixosa mas ainda não chegou a vez dela.
Aqui pela terrinha, tudo como dantes, tirando os novíssimos bancos metálicos da Rua do Desespero, comprados num saldo de sobras da guerra no Afeganistão. Aquela rua já era uma anedota mas agora ganhou estatuto bastante para entrar nos Malucos do Riso. Pobre Teatro Angrense, merecias muito melhor…
De resto, a habitual esterqueira da baixa política local, os comentários sobre a crise, os conselhos para poupar, desde voltar a plantar couves no quintal até retirar os velhos dos lares, para aproveitar a pensão deles. E ainda, essa pungente questão da Humanidade, introduzir ou não modificações na Praça Velha, discutida nos telejornais de todo o mundo, a par do desemprego norte-americano, da crise nos mercados financeiros e da teimosia piramidal de Mubarak. Mas não vou meter-me nessa história. Gente muito mais fina, importante e inteligente já botou faladura sobre o assunto.
Por falar em Praça Velha, passei pela dita como sempre, no regresso ao trabalho, na segunda-feira de manhã. Fiquei preocupado com o que vi. Ou melhor, com o que não vi. Não estava lá o Joe Karaté, sentado no seu banquinho. Pensei para com o meu ziper, “tralalá” lhe acontecido alguma coisa, no meio de tanta desgraça... Sei lá, doença súbita, rapto por OVNI, desaparecimento simples, até podia ser que algum “amigo” do Facebook, mais velho, o tivesse levado a passear a Nova Iorque… Mas na hora de almoço, suspirei de alívio. Tudo normal, tudo como dantes. Discutia-se animadamente a jornada futebolística do fim de semana fora do Café Aliança e num banquinho da Praça Velha, lá estava o bom, o velho, o fiel Joe Karaté, sentadinho, mais agasalhado do que o vira em Outubro, antes de me ausentar, de cabeça enfiada nas mãos, como sempre, em viagem pelo planeta que é só dele e onde talvez seja feliz.
Confesso que passei o dia num estado de euforia. Cumprimentei toda a gente, desejei um Feliz Ano Novo e falei pelos cotovelos. Apesar de amar o Brasil e de lá ter deixado a minha esposa e na barriga dela, a nossa bebé, Julinha, sentia-me feliz por estar de volta à paz e sossego da santa terrinha, depois de três meses numa cidade que podia ser maravilhosa, S. Salvador da Bahia mas que está entulhada de lixo, entupida de plásticos, invadida por hordas de mendigos, infestada de criminosos e “prefeitamente” lixada por um prefeito incompetente e pateticamente agarrado ao poder, à imagem de tantos dos nossos políticos, admiradores de Hugo Chavez.
O clímax do meu dia foi quando passei na rua da Sé e quedei-me a observar um vídeo das marradas de 2010. Na Fonte de S. Sebastião, dois catitas levavam impiedosas cornadas no rabo, entalados na entrada de uma tasca. A cena era hilariante, embora corriqueira. Mas eis que o bicho segue adiante e se vêem os rostos das pobres vítimas. Uma delas era o Dr. Adolfo Lima, antigo secretário regional da Agricultura e Pescas, o tal que era contra a proibição da caça a baleias e golfinhos. Confesso que vibrei. Vou ver de novo, várias vezes. Vou comprar. Vou divulgar pelo mundo. Para mim, que acredito na reincarnação, naquele toiro está a alma de um antigo golfinho que agora voltou, equipado com chifres, para dar o devido castigo à criatura e trazer alguma justiça ao mundo. Bendito animal, bicho valente e sábio, meu rico cornudo, que possas viver por muitos anos ainda, feliz, cobrindo vacas boas todos os dias nessas pastagens do mato, com muita erva verdinha e água fresca de sobra.
Ai, eu queria tanto ser capaz de escrever sobre questões sérias, política, economia, coisas assim. Mas não é a minha sina nem a minha arte. Para compensar, vou contradizer-me ligeiramente e afinal vou referir-me ao problema da Praça Velha, que é uma coisa muito, muito séria. Meus caros, seja lá o que for que resolvam fazer na Praça Velha, perguntem primeiro! Não façam burrices, como no caso das marinas, onde não perguntaram nada aos pescadores e marinheiros locais. Se querem mudar os bancos da Praça Velha, perguntem a quem os usa. Falem com o Joe karaté. POPEYE9700@YAHOO.COM