No ARION

No ARION
No oceano, em 2001, viajando entre a Terceira e S.Vicente (Cabo Verde)

terça-feira, 24 de maio de 2011

MUNDO NOVO

MUNDO NOVO



HELIODORO TARCÍSIO


Os últimos tempos têm sido marcados por grandes convulsões. Política e sócio económica em Portugal, sísmica e nuclear no Japão. Apesar de tudo, ainda saímos favorecidos. Não me desagradam de todo os tempos das grandes convulsões. Não é que tenha qualquer prazer no sofrimento das pessoas, longe disso. Mas a Humanidade precisa desses fenómenos para aprender e evoluir. Foram necessárias as terríveis hecatombes das duas Guerras Mundiais, para as pessoas perceberem até que ponto podiam chegar os resultados de um conflito generalizados com as armas sofisticadas que a Humanidade já possuía. Ninguém acha possível que algo de semelhante possa ocorrer no contexto atual, em que se tenta sempre privilegiar a via do diálogo. Claro que não estamos livres de alguma loucura de regimes radicais, como os fanáticos do Irão ou os doidinhos da Coreia do Norte. A crise nuclear do Japão que, no momento, em que escrevo, está muito longe de encerrada, já está a ter o efeito positivo de fazer repensar o recurso a um tipo de energia extremamente perigosa e instável, que tem, inclusivamente, poder para destruir o mundo, de diversas formas.
Pensando em Portugal, a minha maior angústia tem a ver com a falta de alternativas. As crises políticas e sísmicas até podem ter um certo paralelismo. Derrubar tudo, para construir de novo. Mas construir com o quê ? Com a mesma tijoleira e argamassa? Irá tudo ao chão de novo, é uma questão de tempo. Com todo o distanciamento partidário que quem faz o favor de me ler, sabe que tenho, afirmo que não há, em rigor, qualquer diferença entre socialistas e social-democratas. Mais preocupação (relativa, muito relativa, como temos visto) com os apoios sociais para uns, mais liberalismo económico para outros. E cessam aí as diferenças, a fauna que por lá pulula é, essencialmente, da mesma família animal. Têm outro rótulo mas são os mesmo políticos profissionais, sedentos de poder e benesses, com o seu imenso cortejo de amigos e oportunistas, de lambe-botas e sabujos, de carreiristas de toda a espécie, de empresários sem escrúpulos e de banqueiros, que até podem ser do Opus Dei mas que acabam fazendo as mesmas patifarias que os outros. Passos Coelho passa por ser, no momento, o campeão das hostes dos deserdados da sorte e dos insatisfeitos. Ainda por cima exibe aquele ar de betinho bem comportado, de cristão liberal e genro ideal. Mas, infelizmente, não tenho muitas dúvidas. Não acredito que possa ser O POLÍTICO, realmente corajoso e de elevado sentido ético de que o país precisava agora. Alguém que arrasasse o sistema, a que já me referi nestas páginas, que domina e apodrece o país, montado ao longo dos anos, essencialmente pelos políticos social-democratas (Cavaco Silva incluído, sem dúvida) e socialistas. Nenhum lobo vai trair a sua alcateia. Nem os lobos mais velhos deixariam.
Do que realmente precisávamos era de um mundo novo. É a minha utopia privada mas vou insistir nela enquanto for vivo. Uma pessoa nunca perde o direito de sonhar. No meu mundo, há democracia, sem dúvida, mas não há políticos profissionais nem o poder está entregue a partidos políticos. Sei que chego ao cúmulo do lirismo quando digo que nesse mundo, o maior poder seria o do amor e não do dinheiro. O amor genuíno e universal, não o que é formalizado e ditado pelas religiões instituídas. Como a religião católica “meus filhos, amem-se uns aos outros mas, atenção, é homens com mulheres, entendido ???”.
No meu mundo, o transporte seria basicamente o coletivo, à base de energias limpas. Se não somos capazes de as criar, então ficamos quietos e esperamos até ficarmos mais inteligentes. Deixava o petróleo onde está. Tenho a certeza que a natureza não o criou para a gente o transformar em plástico e espalhá-lo por todo o mundo. Chega de esburacar a terra. Nós estamos, nitidamente, no mau caminho. Só inventamos coisas que estragam, que poluem,, que já ameaçam, até, destruir o nosso planeta e a sua luxuriante vida, que levou tantos milhões de anos a evoluir. Que porcaria de civilização que somos…
Precisamos realmente de um mundo novo. Um dia destes farei uma proposta a sério e garanto que será muito diferente deste e do de Maranatha também. Talvez tenhamos que arrasar o mundo antigo. Talvez seja necessário um grande sismo e uma data de tsunamis. Os próximos tempos não serão de imobilismo e pasmaceira. Vai haver mudanças. Isso já é bom. E mesmo, sem sismo, tenho a grata impressão que vamos , pelo menos, ter um pequeno e muito cirúrgico tsunami, que vai levar de arrasto, Sócrates Pinóquio e o seu insuportável e trombudo Ministro das Finanças. Ah, lamento ter desiludido quem, no principio deste artigo, pensou que ia ler uma analise política à maneira. Não sou desse filme. Sou de um filme de autor, daqueles obscuros, pouco conhecidos e não comerciais. POPEYE9700@YAHOO.COM

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