No ARION

No ARION
No oceano, em 2001, viajando entre a Terceira e S.Vicente (Cabo Verde)

terça-feira, 24 de maio de 2011

SR. DOUTOR BOBI ?

Sr. Doutor Bobi ?



HELIODORO TARCÍSIO

Fiquei deveras surpreendido ao abrir o Diário Insular de 5 de Abril e deparar com declarações do presidente da Ordem dos Médicos nos Açores, a respeito da entrada em funcionamento do serviço biométrico no Hospital de Angra. O meu limitado inteleto não acompanhou os raciocínios dele. Não admira, ele deve ser médico, doutro universo, um crânio, eu não tive médias de 18 e 19 no secundário. Diz ele que a tutela trata os médicos “como cães”. Eu entendo pouco de Medicina, mas dá-me ideia que não…O que será que o senhor doutor quis dizer com aquilo?! Será que lhes andam a servir carne com demasiado osso nas cantinas dos hospitais? Coitados, não quero crer…Alguém terá mesmo partido um dente? Terá ocorrido alguma infestação por pulgas, com origem na tutela? Há surtos de esgana entre eles? Obrigam os médicos machos a urinar contra a parede ou contra alguma árvore? São atendidos por veterinários quando a doença os atinge? Alguém quis, alguma vez, obrigá-los, a usar uma coleira, fora do âmbito de jogos sado-maso? Obrigam-nos a usar chip? Avaliam-lhes a saúde pelo estado dos caninos quando os contratam? Têm de disputar as fêmeas no cio com todos os colegas? Cheiram o rabo uns dos outros, como cumprimento? Têm a mania de se pôr numa posição impossível e fazer sexo oral a si próprios? São promíscuos e pouco asseados? O senhor doutor não nos concedeu a gentileza de partilhar com o público as suas ideias. Disse mas não explicou. Ficámos nas trevas, tal como toda a gente no Estádio da Luz, domingo passado.
Contudo, adiantou também que a tutela trata os médicos como o Marquês de Pombal tratou os Jesuítas. E sobre esta execrável criatura, eu já sei algo mais…E já consigo entender um pouco do que estaria na iluminada cabeça do senhor doutor. As políticas de D. José I foram claramente influenciadas pelo despotismo esclarecido e pelo absolutismo francês. Confesso que não acho os nossos déspotas nada esclarecidos. Mas, mais que influenciados, somos comandados pela Europa. E se não é pelos franceses, é pela Alemanha, o que é, realmente, muito semelhante. Também me parece bem possível comparar a ascendência que tinham os Jesuítas do séc.XVIII com a enorme influência que sempre tiveram os médicos na sociedade portuguesa. Daí, até à cruel tutela, decidir persegui-los, expulsá-los e até exterminá-los, vai um passo. A gente sabe como essas coisas começam. Com pezinhos de lã, começam por impor coisas duras mas minimamente razoáveis, como tetos salariais e regimes de exclusividade e, quando os pobres dos médicos menos esperam, pimba, saltam-lhes em cima com coisas hediondas e exigências desmesuradas, como, por exemplo, picar o ponto. Como é que isto é possível? Picar o ponto?! Como se atreve uma tutela, qualquer que seja, a querer saber quando chegam e quando abandonam o serviço, os profissionais que paga, muito bem pagos, ao fim do mês? Onde é que já se viu ?! Então um médico, não pode dormir até mais tarde? Demorar-se no café, a conversar com os amigos? Dar um mergulhinho na piscina (que há-de ter uma lá em casa, de certeza…)? Encontrar-se com a/o amante? Intolerável esta intrusão na vida privada dos médicos…Não é para admirar que, com atentados deste calibre, os dirigentes, coitados, percam a cabeça e venham para os jornais dizer disparates.
Não sei escrever em regime de seriedade, mas, sinceramente, fora de brincadeira, não resisto a dizer o seguinte: é por ter havido sempre e por haver ainda muita gente assim, em Portugal, gente que se julga melhor que os outros, com direito a um sem número de privilégios, a regalias e tratamentos especiais, que o nosso país se transformou nesta pobre miséria atual, que é a chacota do mundo, a pedir esmola ao Brasil.
Portugal foi ao fundo. É por isso que nem consigo criticar as opções estratégicas de Paulo Portas. Ele sabia, por isso comprou os submarinos. POPEYE9700@YAHOO.COM

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