CASAMENTOS HOMOSSEXUAIS – CONSIDERAÇÕES OUTRAS (Parte I)
HELIODORO TARCÍSIO
Enquanto aguardo ansiosamente as novas revelações de Rodrigo Bento (RB) sobre a vontade de Deus e a parte II do sua Carta aos Terceirenses Sobre os Pecados Contra a Natureza, em texto publicado no D.I. de 28 de Novembro, eu que, humildemente, só falo por mim, também tenho qualquer coisinha para escrever sobre o assunto.
O texto de RB é cheio de inexactidões, efabulações e falácias, próprias de quem constrói um discurso para justificar preconceitos e perspectivas muito pessoais, apresentados como verdades absolutas. Se RB se limitasse a transmitir-nos a sua opinião sobre o assunto, eu discordaria, naturalmente, e mais nada. Mas RB remonta a Adão e Eva e coloca do seu lado gente grada como o apóstolo Paulo, psiquiatras brasileiros, a insuspeita Internet e o próprio Deus. Bom, com gente tão fina, isto vai dar-me trabalho…Aliás, RB será com toda a certeza alguém muito bem relacionado na esfera celeste porque parece ter perfeito conhecimento do que Deus pensa e quer. Eu até acredito em Deus mas a verdade é que, tanto quanto sabemos, Deus nunca assinou qualquer publicação, nem sequer a Bíblia, nunca aceitou ser entrevistado na TV nem tem blog na Internet. Tudo o que sabemos sobre Deus e o seu plano divino é o que Ele terá inspirado em noites de evangélica insónia, soprado ao ouvido ou dito em sonhos a meia dúzia de iluminados há uns milhares de anos atrás. Na verdade todas as revelações evangélicas são do género “Noutro dia Deus disse-me que…”. Aparentemente, RB é uma dessas criaturas, por isso devemos aguardar novas revelações, esgotados que estão os famosos segredos de Fátima. Enquanto elas não chegam, vamos então debruçar-nos sobre as presentes.
Não sei que dicionários RB anda a consultar mas parece-me que tem andado a revirar na biblioteca do avô dele. Os dicionários de português são obras que atribuem significados a todas as palavras do léxico nacional. Este imenso trabalho é feito por pessoas, normalmente intelectuais convidados, de todos os quadrantes do saber. Naturalmente, os dicionários reflectem o saber e a mentalidade da época em que foram organizados. É por essa simples razão e porque uma língua é uma entidade viva que nunca cessa de evoluir, que a mais elementar inteligência aconselha a usar sempre dicionários recentes e actualizados. Realmente é possível encontrar definições de “homossexual” como “pessoa que pratica actos contra a natureza” em alguns dicionários, sobretudo em obras antigas ou clássicas em que há sucessivas reedições sem haver, muitas vezes, o cuidado de rever conceitos à luz do desenvolvimento intelectual, cultural, social e moral da sociedade. No entanto, pela sua natureza flexível, os dicionários online (disponíveis na Internet), são as obras deste género mais actualizadas porque esse processo de actualização é permanente e contínuo. Ora, uma simples busca em insuspeitos dicionários de português online dá-nos, por norma, uma definição de “homossexual” como “pessoa que pratica actos sexuais com pessoas do mesmo sexo”. E mais nada, obviamente, hoje em dia, nenhum dicionário sério apresenta significados contendo valorações morais como a que imediatamente se infere da expressão “actos contra a natureza”. Por outro lado, todos os dicionários de português referem “casamento” como “união legítima entre pessoas do sexo oposto” e não poderia ser diferente, já que, por enquanto, essa é a única possibilidade legalmente admitida no nosso país. Referi-lo, por conseguinte, é um exercício de redundância. Acredito que em breve isso vá mudar e, secretamente, espero ser convidado para o primeiro casamento na ilha Terceira entre pessoas do mesmo sexo. Aceitarei com todo o gosto.
Agora o que é aborrecido, senão mesmo revoltante, é esta mania que a sociedade tem de “suavizar as coisas”. Estávamos tão bem, chamando “perverso maricas” ao nosso vizinho do lado, que gosta de flores e “macha fêmea perversa” à moça do café da esquina, que só veste calças com braguilha e agora temos de os chamar de “pessoas com orientação sexual diferente”. Onde é que já se viu, isso não dá jeito nenhum como insulto, a seguir, se calhar, vão querer que os respeitemos, não?!
O que não vale mesmo a pena é entrar aqui na polémica criacionistas versus evolucionistas. O Jardim do Éden, Adão e Eva, tudo isso é uma novela deliciosa, se bem que nitidamente escrita por um homem (mulher é volúpia e sedução, homem é inocência e vítima; homem é obra-prima, mulher é complemento…). Mas é uma questão de fé, visto que nenhuma evidência científica, até agora, traz qualquer credibilidade a essa história. E fé é algo respeitável e que não se discute. Todavia, o mundo nunca mais foi o mesmo depois de Darwin, simplesmente porque a teoria que ele tão brilhantemente enunciou faz sentido, é lógica, racional e é apoiada pela observação científica. Isto, nenhum crente pode negar. De qualquer modo, quer isto tenha começado com Adão e Eva, quer tenha sido com um par de seres unicelulares tão entretidos no caldo primitivo como um par de cowboys na montanha de Brokeback, a verdade é que, em termos de Natureza, o principal propósito do sexo é fazer bebés. Se ficássemos só por aqui, eu já podia ir beber umas cervejas com RB. O problema é que temos a obrigação intelectual de não ficar por aqui. É preciso ter uma perspectiva mais superior da Humanidade em evolução. Já fomos seres peludos e bestiais metidos em cavernas, já fomos seres belicosos envolvidos em guerras por desporto, já matámos cruelmente por questões de fé. Do mesmo modo, já acreditámos que a única finalidade do sexo era a procriação. Manuela Ferreira Leite e RB ainda acreditam nisso e nesse aspecto, ainda vivem na Idade Média. Mas agora somos os seres mais inteligentes do planeta e até já fomos à Lua. A humanidade já está noutra onda. Levou muito tempo e foi à custa de muito sofrimento mas hoje, no mundo intelectualmente evoluído, sexo não é procriação, doa a quem doer. Já ninguém faz sexo para procriar. Sexo pode resumir-se a duas coisas: na sua forma mais sublime, é a expressão física do amor que une duas criaturas, podendo ou não resultar em procriação; na sua forma mais básica e instintiva é prazer somente e satisfação dos sentidos. Neste caso não convém nada que resulte em procriação. O único sentido moral que o sexo deve ter é a garantia de que acontece entre pessoas adultas ou, no mínimo, sexualmente maduras, em total liberdade, sem qualquer tipo de coacção e mentalmente sãs.
Ora, não estando o sexo relacionado com procriação, carece de sentido qualquer restrição moral e legal ao sexo homossexual. Se duas pessoas se amam, porque não hão-de usar o corpo que lhes foi dado para demonstrar e viver esse amor? Ou se duas pessoas sentem atracção física uma pela outra, sendo adultas ou pelo menos sexualmente maduras e mentalmente sãs, porque não hão-de proporcionar-se prazer mutuamente? E se por acaso o amor os impelir a partilhar a vida, estando dispostos a aceitar os deveres morais, sociais e jurídicos inerentes à instituição do casamento, porque não haverão de casar? Isto no fundo é simples, embora não tão simples ao ponto de nos podermos virar para o nosso filho adolescente que só brinca com as bonecas da irmã e dizer-lhe “ ó filho, olha que as uvas não nascem nas macieiras, por isso põe-te fino!”.
Na realidade, por mais que eu pense no assunto, chego sempre à mesma evidente conclusão: Ele quis que fosse assim! Negá-lo pode ser até heresia e blasfémia…Pois se Ele é quem fez tudo, é que nos fez assim, sujeitos à constante tentação das delícias do sexo. Acredito que se o sexo fosse apenas para procriação, seria muito mais prático e cómodo tê-lo concebido como algo monótono, apenas a primeira e brevíssima etapa do processo de reprodução. Assim, seriam eliminados tantos “pecados”, a luxúria, o adultério, o “swing” e claro, os pecados “contra a natureza” posto que a natureza seria frígida. Seria algo assim: “Querido, vamos lá fazer o maninho do Fábio Miguel, está na hora certa” – “O quê, agora??!! Mas está na hora do futebol!” – “Anda lá filho, é só um instantinho, deixas a TV ligada e já vens ver o Benfica, anda lá filho, é muito aborrecido mas tem de ser …”
Podia ser assim mas é bem diferente… Quem nos concebeu, fez o sexo como ele é, libidinoso, quente, húmido, túrgido, irresistível, à base de uma frenética atracção fatal entre proeminências e reentrâncias, que nos transtorna os sentidos, nos turba a razão, nos deixa loucos e nos transporta às estrelas, lá está, mais perto Dele…E a culpa é nossa?
Numa coisa estou de acordo com RB, a homossexualidade não é uma coisa dos nossos dias. Tão longe até onde chegam os nossos conhecimentos sobre a história dos homens, encontramos comportamentos homossexuais. Nalgumas culturas, eles foram mesmo encarados com bastante naturalidade. Ou seja, a homossexualidade é, de uma forma geral, algo constante e natural na espécie humana. Não é, por conseguinte, nenhuma “perversão” dos tempos modernos. Também não é uma doença nem manifestação de “uma personalidade doente” como pretende o psiquiatra brasileiro de RB. Há muitos milhares de psiquiatras no mundo e o menos que falta é outros que pensam o contrário. Eu podia perfeitamente citar testemunhos opostos mas considero isso um exercício inútil, uma vez que não prova nada, apenas que há opiniões diferentes. Todos nós conhecemos homossexuais que são perfeitamente equilibrados em termos sociais, levando vidas vulgares, desempenhando com competência as mais diversas profissões. Simplesmente sentem-se fisicamente atraídos por pessoas do mesmo sexo. E neste capítulo há casos muito diversos, a respeito de alguns dos quais me parece poder-se falar, não exactamente de doença mas de um provável erro da natureza. Refiro-me, por exemplo, aos fascinantes casos das pessoas que nascem com a morfologia externa de um sexo e a psique de outro e a todos os casos de hermafroditismo. Todos esses casos podem, hoje, ser corrigidos pela medicina, cabendo sempre a palavra final à vontade da pessoa em questão. Mas dentro da homossexualidade comum, o que é doentio é a negação, a não aceitação, a discriminação e a repressão por parte da família, dos amigos e da sociedade. Felizmente, o mundo já evoluiu muito e perspectivas como a de RB vão sendo cada vez mais raras. Pois se homossexualismo é doença, no mundo de RB haveria com certeza uma nova especialidade médica, para tratar a mariquice, com comprimidos, injecções, pesquisa de traumas de infância ou até, quem sabe, choques eléctricos. Este texto terá continuação. POPEYE9700@YAHOO.COM
HELIODORO TARCÍSIO
Enquanto aguardo ansiosamente as novas revelações de Rodrigo Bento (RB) sobre a vontade de Deus e a parte II do sua Carta aos Terceirenses Sobre os Pecados Contra a Natureza, em texto publicado no D.I. de 28 de Novembro, eu que, humildemente, só falo por mim, também tenho qualquer coisinha para escrever sobre o assunto.
O texto de RB é cheio de inexactidões, efabulações e falácias, próprias de quem constrói um discurso para justificar preconceitos e perspectivas muito pessoais, apresentados como verdades absolutas. Se RB se limitasse a transmitir-nos a sua opinião sobre o assunto, eu discordaria, naturalmente, e mais nada. Mas RB remonta a Adão e Eva e coloca do seu lado gente grada como o apóstolo Paulo, psiquiatras brasileiros, a insuspeita Internet e o próprio Deus. Bom, com gente tão fina, isto vai dar-me trabalho…Aliás, RB será com toda a certeza alguém muito bem relacionado na esfera celeste porque parece ter perfeito conhecimento do que Deus pensa e quer. Eu até acredito em Deus mas a verdade é que, tanto quanto sabemos, Deus nunca assinou qualquer publicação, nem sequer a Bíblia, nunca aceitou ser entrevistado na TV nem tem blog na Internet. Tudo o que sabemos sobre Deus e o seu plano divino é o que Ele terá inspirado em noites de evangélica insónia, soprado ao ouvido ou dito em sonhos a meia dúzia de iluminados há uns milhares de anos atrás. Na verdade todas as revelações evangélicas são do género “Noutro dia Deus disse-me que…”. Aparentemente, RB é uma dessas criaturas, por isso devemos aguardar novas revelações, esgotados que estão os famosos segredos de Fátima. Enquanto elas não chegam, vamos então debruçar-nos sobre as presentes.
Não sei que dicionários RB anda a consultar mas parece-me que tem andado a revirar na biblioteca do avô dele. Os dicionários de português são obras que atribuem significados a todas as palavras do léxico nacional. Este imenso trabalho é feito por pessoas, normalmente intelectuais convidados, de todos os quadrantes do saber. Naturalmente, os dicionários reflectem o saber e a mentalidade da época em que foram organizados. É por essa simples razão e porque uma língua é uma entidade viva que nunca cessa de evoluir, que a mais elementar inteligência aconselha a usar sempre dicionários recentes e actualizados. Realmente é possível encontrar definições de “homossexual” como “pessoa que pratica actos contra a natureza” em alguns dicionários, sobretudo em obras antigas ou clássicas em que há sucessivas reedições sem haver, muitas vezes, o cuidado de rever conceitos à luz do desenvolvimento intelectual, cultural, social e moral da sociedade. No entanto, pela sua natureza flexível, os dicionários online (disponíveis na Internet), são as obras deste género mais actualizadas porque esse processo de actualização é permanente e contínuo. Ora, uma simples busca em insuspeitos dicionários de português online dá-nos, por norma, uma definição de “homossexual” como “pessoa que pratica actos sexuais com pessoas do mesmo sexo”. E mais nada, obviamente, hoje em dia, nenhum dicionário sério apresenta significados contendo valorações morais como a que imediatamente se infere da expressão “actos contra a natureza”. Por outro lado, todos os dicionários de português referem “casamento” como “união legítima entre pessoas do sexo oposto” e não poderia ser diferente, já que, por enquanto, essa é a única possibilidade legalmente admitida no nosso país. Referi-lo, por conseguinte, é um exercício de redundância. Acredito que em breve isso vá mudar e, secretamente, espero ser convidado para o primeiro casamento na ilha Terceira entre pessoas do mesmo sexo. Aceitarei com todo o gosto.
Agora o que é aborrecido, senão mesmo revoltante, é esta mania que a sociedade tem de “suavizar as coisas”. Estávamos tão bem, chamando “perverso maricas” ao nosso vizinho do lado, que gosta de flores e “macha fêmea perversa” à moça do café da esquina, que só veste calças com braguilha e agora temos de os chamar de “pessoas com orientação sexual diferente”. Onde é que já se viu, isso não dá jeito nenhum como insulto, a seguir, se calhar, vão querer que os respeitemos, não?!
O que não vale mesmo a pena é entrar aqui na polémica criacionistas versus evolucionistas. O Jardim do Éden, Adão e Eva, tudo isso é uma novela deliciosa, se bem que nitidamente escrita por um homem (mulher é volúpia e sedução, homem é inocência e vítima; homem é obra-prima, mulher é complemento…). Mas é uma questão de fé, visto que nenhuma evidência científica, até agora, traz qualquer credibilidade a essa história. E fé é algo respeitável e que não se discute. Todavia, o mundo nunca mais foi o mesmo depois de Darwin, simplesmente porque a teoria que ele tão brilhantemente enunciou faz sentido, é lógica, racional e é apoiada pela observação científica. Isto, nenhum crente pode negar. De qualquer modo, quer isto tenha começado com Adão e Eva, quer tenha sido com um par de seres unicelulares tão entretidos no caldo primitivo como um par de cowboys na montanha de Brokeback, a verdade é que, em termos de Natureza, o principal propósito do sexo é fazer bebés. Se ficássemos só por aqui, eu já podia ir beber umas cervejas com RB. O problema é que temos a obrigação intelectual de não ficar por aqui. É preciso ter uma perspectiva mais superior da Humanidade em evolução. Já fomos seres peludos e bestiais metidos em cavernas, já fomos seres belicosos envolvidos em guerras por desporto, já matámos cruelmente por questões de fé. Do mesmo modo, já acreditámos que a única finalidade do sexo era a procriação. Manuela Ferreira Leite e RB ainda acreditam nisso e nesse aspecto, ainda vivem na Idade Média. Mas agora somos os seres mais inteligentes do planeta e até já fomos à Lua. A humanidade já está noutra onda. Levou muito tempo e foi à custa de muito sofrimento mas hoje, no mundo intelectualmente evoluído, sexo não é procriação, doa a quem doer. Já ninguém faz sexo para procriar. Sexo pode resumir-se a duas coisas: na sua forma mais sublime, é a expressão física do amor que une duas criaturas, podendo ou não resultar em procriação; na sua forma mais básica e instintiva é prazer somente e satisfação dos sentidos. Neste caso não convém nada que resulte em procriação. O único sentido moral que o sexo deve ter é a garantia de que acontece entre pessoas adultas ou, no mínimo, sexualmente maduras, em total liberdade, sem qualquer tipo de coacção e mentalmente sãs.
Ora, não estando o sexo relacionado com procriação, carece de sentido qualquer restrição moral e legal ao sexo homossexual. Se duas pessoas se amam, porque não hão-de usar o corpo que lhes foi dado para demonstrar e viver esse amor? Ou se duas pessoas sentem atracção física uma pela outra, sendo adultas ou pelo menos sexualmente maduras e mentalmente sãs, porque não hão-de proporcionar-se prazer mutuamente? E se por acaso o amor os impelir a partilhar a vida, estando dispostos a aceitar os deveres morais, sociais e jurídicos inerentes à instituição do casamento, porque não haverão de casar? Isto no fundo é simples, embora não tão simples ao ponto de nos podermos virar para o nosso filho adolescente que só brinca com as bonecas da irmã e dizer-lhe “ ó filho, olha que as uvas não nascem nas macieiras, por isso põe-te fino!”.
Na realidade, por mais que eu pense no assunto, chego sempre à mesma evidente conclusão: Ele quis que fosse assim! Negá-lo pode ser até heresia e blasfémia…Pois se Ele é quem fez tudo, é que nos fez assim, sujeitos à constante tentação das delícias do sexo. Acredito que se o sexo fosse apenas para procriação, seria muito mais prático e cómodo tê-lo concebido como algo monótono, apenas a primeira e brevíssima etapa do processo de reprodução. Assim, seriam eliminados tantos “pecados”, a luxúria, o adultério, o “swing” e claro, os pecados “contra a natureza” posto que a natureza seria frígida. Seria algo assim: “Querido, vamos lá fazer o maninho do Fábio Miguel, está na hora certa” – “O quê, agora??!! Mas está na hora do futebol!” – “Anda lá filho, é só um instantinho, deixas a TV ligada e já vens ver o Benfica, anda lá filho, é muito aborrecido mas tem de ser …”
Podia ser assim mas é bem diferente… Quem nos concebeu, fez o sexo como ele é, libidinoso, quente, húmido, túrgido, irresistível, à base de uma frenética atracção fatal entre proeminências e reentrâncias, que nos transtorna os sentidos, nos turba a razão, nos deixa loucos e nos transporta às estrelas, lá está, mais perto Dele…E a culpa é nossa?
Numa coisa estou de acordo com RB, a homossexualidade não é uma coisa dos nossos dias. Tão longe até onde chegam os nossos conhecimentos sobre a história dos homens, encontramos comportamentos homossexuais. Nalgumas culturas, eles foram mesmo encarados com bastante naturalidade. Ou seja, a homossexualidade é, de uma forma geral, algo constante e natural na espécie humana. Não é, por conseguinte, nenhuma “perversão” dos tempos modernos. Também não é uma doença nem manifestação de “uma personalidade doente” como pretende o psiquiatra brasileiro de RB. Há muitos milhares de psiquiatras no mundo e o menos que falta é outros que pensam o contrário. Eu podia perfeitamente citar testemunhos opostos mas considero isso um exercício inútil, uma vez que não prova nada, apenas que há opiniões diferentes. Todos nós conhecemos homossexuais que são perfeitamente equilibrados em termos sociais, levando vidas vulgares, desempenhando com competência as mais diversas profissões. Simplesmente sentem-se fisicamente atraídos por pessoas do mesmo sexo. E neste capítulo há casos muito diversos, a respeito de alguns dos quais me parece poder-se falar, não exactamente de doença mas de um provável erro da natureza. Refiro-me, por exemplo, aos fascinantes casos das pessoas que nascem com a morfologia externa de um sexo e a psique de outro e a todos os casos de hermafroditismo. Todos esses casos podem, hoje, ser corrigidos pela medicina, cabendo sempre a palavra final à vontade da pessoa em questão. Mas dentro da homossexualidade comum, o que é doentio é a negação, a não aceitação, a discriminação e a repressão por parte da família, dos amigos e da sociedade. Felizmente, o mundo já evoluiu muito e perspectivas como a de RB vão sendo cada vez mais raras. Pois se homossexualismo é doença, no mundo de RB haveria com certeza uma nova especialidade médica, para tratar a mariquice, com comprimidos, injecções, pesquisa de traumas de infância ou até, quem sabe, choques eléctricos. Este texto terá continuação. POPEYE9700@YAHOO.COM
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