DEIXEM LÁ CASAR O MANUEL COM O JOAQUIM…
HELIODORO TARCÍSIO
Antes de mais, é capaz de ser conveniente esclarecer que sou heterossexual convicto e militante mas apenas porque a Natureza me concebeu assim; se ela tivesse tido outra ideia, eu assumiria a minha diferença e cantaria alegremente pela rua da Sé acima, esse genial hino cor-de-rosa que é a canção brejeira “Mister Gay”. É por pensar assim que sou sensível a qualquer forma de discriminação sexual e homofobia.
É capaz de ser bom também, neste período em que as pessoas andam hiper sensíveis, inauguram com afinco e labor e até o pessoal do lixo ganhou lindas fardas novas que me fizeram inveja, esclarecer de igual modo que não sou socialista, comunista, democrata cristão ou social, bloquista, etc (o dicionário do Word diz-me que inventei um neologismo). Na verdade, detesto rótulos, que me parecem ficar bem melhor nas embalagens de Ketchup.
Hoje em dia, apesar de já ter percebido que vou tendo os meus leitores, não me apetece ser criativo, deixo-me levar alegremente pela preguiça e só pego na pena quando me bolem com os nervos.
Vem tudo isto a propósito de um artigo de João César das Neves, habitual articulista do jornal “A União”, intitulado “Discriminações”, publicado a 8 do corrente. Costumo ler as “opuniões” deste senhor porque considero que é inteligente e escreve bem. No entanto, já o apontei publicamente, como claro exemplo de como uma mente nascida inteligente, pode ser lamentavelmente condicionada por barreiras e preconceitos de cariz religioso, moral e ideológico e matriz conservadora. Ele não me liga nenhuma e faz muito bem mas eu, que não tenho toda essa superioridade intelectual, não vou resistindo a umas boas alfinetadas.
É excelente exemplo do que acima referi, a sua crítica, demagógica e falaciosa, acerca da intenção do Partido Socialista, de, na próxima legislatura “remover as barreiras jurídicas à realização do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo (…)”, medida que aplaudo com os membros todos. Com uma certa dose de cinismo até, JCN proclama que, em Portugal, os homossexuais não são vítimas de qualquer discriminação porque “(…) todos podem unir-se a pessoas do sexo oposto, ninguém pode casar com pessoas do mesmo sexo (…)”. E depois, mais à frente, invoca o estafadíssimo argumento de que o casamento é a base da sociedade e a origem da sua reprodução. Se esta coisa do equilíbrio kármico funcionar mesmo, tenho a certeza que JCN vai renascer “gayzissimo” (outro neologismo) e gerações futuras ainda hão-de vê-lo desfilar na avenida de um dia qualquer de “gay pride”, de tutu, pára-choques de silicone e mãos dadas com um operário de construção civil. Estou em crer também que JCN tem conversado muito com Manuela Ferreira Leite, já que partilha com esta senhora, o princípio de que o casamento (salvo excepções honrosas definidas pelo Vaticano) se destina fundamentalmente à reprodução. Já tive oportunidade de me pronunciar publicamente e desmontar a argumentação, também demagógica e falaciosa, desta dama de ferro muito enferrujada. Aliás, critérios elementares de ordem estética, deveriam ter inibido Ferreira Leite na altura de se reproduzir, mas isso é outra coisa, é tarde demais e de qualquer modo, foi um crime com pelo menos um cúmplice.
Mas concentremo-nos nas falácias de JCN, que são várias. Os homossexuais são obviamente discriminados em Portugal porque pretendem casar-se com pessoas do mesmo sexo, com as mesmas liberdades, direitos e garantias do casamento entre pessoas de sexo diferente e isso é-lhes constitucionalmente vedado. Só uma leitura bastante condicionada da situação poderia fazer crer o contrário. Os casais homossexuais vivem, na prática, exactamente como os casais heterossexuais, juntam-se, separam-se, amam-se, odeiam-se, acarinham-se, agridem-se, convivem, partilham as coisas boas da vida, apoiam-se mutuamente, trabalham, pagam os seus impostos, votam, vão ás suas igrejas, recebem os seus amigos, fazem compras e amor. Dependendo do tipo de casal, devido às técnicas actuais, podem até ter filhos biológicos. Só não podem ter os mesmo direitos cívicos e garantias que os casais “normais” porque a Constituição do seu país não lho permite. Uma Constituição que, apesar de moderna em muitos aspectos, neste particular, padece de um notório conservadorismo, assente na antiga influência sócio cultural da Igreja Católica e em interpretações bíblicas do tipo islamita radical. Isto porque, não tenhamos a menor dúvida, esta gente ainda pensa, acredita e defende que o casamento é para procriar. Ora, eu, apesar de, alegremente, ter casado quase 3 vezes e procriado outras tantas, acredito noutra coisa para o casamento e neste aspecto em particular, estou do lado da proposta legislativa socialista. Do ponto de vista estritamente jurídico, que é o que deve prevalecer na nossa actual sociedade laica, o casamento nada mais é que um contrato civil entre duas pessoas, mediante o qual, se tornam sujeitos de determinados direitos e deveres, cuja infracção é, aliás, punível por lei. Misturar isso com o género das pessoas será sempre, em qualquer caso, sem excepção, folclore religioso, respeitável apenas no seu contexto próprio e uma persistência da ideia do casamento com finalidade principal de procriação e até do prazer sexual restrito ou mesmo proibido, ao estilo medieval.
JCN teme que o futuro da Humanidade esteja em risco por falta de procriação? Aí reside a maior falácia, se ele mesmo afirma que a esmagadora maioria da humanidade acha que casamento deve ser entre sexos diferentes. Embora eu duvide dessa afirmação, puramente demagógica, uma vez que não tenho conhecimento de nenhum inquérito à escala mundial sobre essa assunto, considero que seria óptimo para o nosso mundo que metade da população de vários países e da China por exemplo, virasse para o outro lado, já que o nosso problema principal é a o excesso de população, a míngua de recursos alimentares e por via disso, a destruição do ambiente, através da desflorestação, por exemplo, que contribui muito para o temível aquecimento global.
E não caro JCN, ao contrário de todos os pregões do pessoal da sua área ideológica, o homossexualismo não é um acto contrário à natureza, pelo simples facto de que os comportamentos homossexuais são comuns na natureza, em muitas espécies. Conheci até um simpático casal de perus machos; não punham ovos mas aparentavam felicidade e boa disposição e bicavam-se ternamente. Além do mais, há tanta depravação associada ao sexo heterossexual dito “normal”, tem mesmo a certeza, o caro JCN que quer associar homossexualismo e depravação ?
JCN conhece aquela historieta de que o abanar das asas de uma borboleta pode provocar um furacão do outro lado do mundo ? Na verdade, JCN, inteligente como é, sabe que isso é a expressão metafórica do encadeamento imprevisível de causas e efeitos. Agora imaginem JCN e MFL, a repercussão destrutiva que podem ter no Bangladesh, uns bons milhares de “quecas” europeias, em pleno período de ovulação, ás escuras, na posição do missionário e abençoadas pessoalmente pelo Papa ? Já uma “queca” homossexual é inócua para a Humanidade, para mais porque é restringida a uma reduzida minoria e não tem consequências de maior, desde que se tenham tomado medidas relativamente às doenças sexualmente transmissíveis.
Para terminar e porque tudo tem o seu lado bom… Seguindo o criativo raciocínio de JCN, porque não haveremos de considerar simplesmente o casamento homossexual como uma empresa, de portas legalmente abertas, que deu prejuízo mas segue em frente? POPEYE9700@YAHOO.COM
HELIODORO TARCÍSIO
Antes de mais, é capaz de ser conveniente esclarecer que sou heterossexual convicto e militante mas apenas porque a Natureza me concebeu assim; se ela tivesse tido outra ideia, eu assumiria a minha diferença e cantaria alegremente pela rua da Sé acima, esse genial hino cor-de-rosa que é a canção brejeira “Mister Gay”. É por pensar assim que sou sensível a qualquer forma de discriminação sexual e homofobia.
É capaz de ser bom também, neste período em que as pessoas andam hiper sensíveis, inauguram com afinco e labor e até o pessoal do lixo ganhou lindas fardas novas que me fizeram inveja, esclarecer de igual modo que não sou socialista, comunista, democrata cristão ou social, bloquista, etc (o dicionário do Word diz-me que inventei um neologismo). Na verdade, detesto rótulos, que me parecem ficar bem melhor nas embalagens de Ketchup.
Hoje em dia, apesar de já ter percebido que vou tendo os meus leitores, não me apetece ser criativo, deixo-me levar alegremente pela preguiça e só pego na pena quando me bolem com os nervos.
Vem tudo isto a propósito de um artigo de João César das Neves, habitual articulista do jornal “A União”, intitulado “Discriminações”, publicado a 8 do corrente. Costumo ler as “opuniões” deste senhor porque considero que é inteligente e escreve bem. No entanto, já o apontei publicamente, como claro exemplo de como uma mente nascida inteligente, pode ser lamentavelmente condicionada por barreiras e preconceitos de cariz religioso, moral e ideológico e matriz conservadora. Ele não me liga nenhuma e faz muito bem mas eu, que não tenho toda essa superioridade intelectual, não vou resistindo a umas boas alfinetadas.
É excelente exemplo do que acima referi, a sua crítica, demagógica e falaciosa, acerca da intenção do Partido Socialista, de, na próxima legislatura “remover as barreiras jurídicas à realização do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo (…)”, medida que aplaudo com os membros todos. Com uma certa dose de cinismo até, JCN proclama que, em Portugal, os homossexuais não são vítimas de qualquer discriminação porque “(…) todos podem unir-se a pessoas do sexo oposto, ninguém pode casar com pessoas do mesmo sexo (…)”. E depois, mais à frente, invoca o estafadíssimo argumento de que o casamento é a base da sociedade e a origem da sua reprodução. Se esta coisa do equilíbrio kármico funcionar mesmo, tenho a certeza que JCN vai renascer “gayzissimo” (outro neologismo) e gerações futuras ainda hão-de vê-lo desfilar na avenida de um dia qualquer de “gay pride”, de tutu, pára-choques de silicone e mãos dadas com um operário de construção civil. Estou em crer também que JCN tem conversado muito com Manuela Ferreira Leite, já que partilha com esta senhora, o princípio de que o casamento (salvo excepções honrosas definidas pelo Vaticano) se destina fundamentalmente à reprodução. Já tive oportunidade de me pronunciar publicamente e desmontar a argumentação, também demagógica e falaciosa, desta dama de ferro muito enferrujada. Aliás, critérios elementares de ordem estética, deveriam ter inibido Ferreira Leite na altura de se reproduzir, mas isso é outra coisa, é tarde demais e de qualquer modo, foi um crime com pelo menos um cúmplice.
Mas concentremo-nos nas falácias de JCN, que são várias. Os homossexuais são obviamente discriminados em Portugal porque pretendem casar-se com pessoas do mesmo sexo, com as mesmas liberdades, direitos e garantias do casamento entre pessoas de sexo diferente e isso é-lhes constitucionalmente vedado. Só uma leitura bastante condicionada da situação poderia fazer crer o contrário. Os casais homossexuais vivem, na prática, exactamente como os casais heterossexuais, juntam-se, separam-se, amam-se, odeiam-se, acarinham-se, agridem-se, convivem, partilham as coisas boas da vida, apoiam-se mutuamente, trabalham, pagam os seus impostos, votam, vão ás suas igrejas, recebem os seus amigos, fazem compras e amor. Dependendo do tipo de casal, devido às técnicas actuais, podem até ter filhos biológicos. Só não podem ter os mesmo direitos cívicos e garantias que os casais “normais” porque a Constituição do seu país não lho permite. Uma Constituição que, apesar de moderna em muitos aspectos, neste particular, padece de um notório conservadorismo, assente na antiga influência sócio cultural da Igreja Católica e em interpretações bíblicas do tipo islamita radical. Isto porque, não tenhamos a menor dúvida, esta gente ainda pensa, acredita e defende que o casamento é para procriar. Ora, eu, apesar de, alegremente, ter casado quase 3 vezes e procriado outras tantas, acredito noutra coisa para o casamento e neste aspecto em particular, estou do lado da proposta legislativa socialista. Do ponto de vista estritamente jurídico, que é o que deve prevalecer na nossa actual sociedade laica, o casamento nada mais é que um contrato civil entre duas pessoas, mediante o qual, se tornam sujeitos de determinados direitos e deveres, cuja infracção é, aliás, punível por lei. Misturar isso com o género das pessoas será sempre, em qualquer caso, sem excepção, folclore religioso, respeitável apenas no seu contexto próprio e uma persistência da ideia do casamento com finalidade principal de procriação e até do prazer sexual restrito ou mesmo proibido, ao estilo medieval.
JCN teme que o futuro da Humanidade esteja em risco por falta de procriação? Aí reside a maior falácia, se ele mesmo afirma que a esmagadora maioria da humanidade acha que casamento deve ser entre sexos diferentes. Embora eu duvide dessa afirmação, puramente demagógica, uma vez que não tenho conhecimento de nenhum inquérito à escala mundial sobre essa assunto, considero que seria óptimo para o nosso mundo que metade da população de vários países e da China por exemplo, virasse para o outro lado, já que o nosso problema principal é a o excesso de população, a míngua de recursos alimentares e por via disso, a destruição do ambiente, através da desflorestação, por exemplo, que contribui muito para o temível aquecimento global.
E não caro JCN, ao contrário de todos os pregões do pessoal da sua área ideológica, o homossexualismo não é um acto contrário à natureza, pelo simples facto de que os comportamentos homossexuais são comuns na natureza, em muitas espécies. Conheci até um simpático casal de perus machos; não punham ovos mas aparentavam felicidade e boa disposição e bicavam-se ternamente. Além do mais, há tanta depravação associada ao sexo heterossexual dito “normal”, tem mesmo a certeza, o caro JCN que quer associar homossexualismo e depravação ?
JCN conhece aquela historieta de que o abanar das asas de uma borboleta pode provocar um furacão do outro lado do mundo ? Na verdade, JCN, inteligente como é, sabe que isso é a expressão metafórica do encadeamento imprevisível de causas e efeitos. Agora imaginem JCN e MFL, a repercussão destrutiva que podem ter no Bangladesh, uns bons milhares de “quecas” europeias, em pleno período de ovulação, ás escuras, na posição do missionário e abençoadas pessoalmente pelo Papa ? Já uma “queca” homossexual é inócua para a Humanidade, para mais porque é restringida a uma reduzida minoria e não tem consequências de maior, desde que se tenham tomado medidas relativamente às doenças sexualmente transmissíveis.
Para terminar e porque tudo tem o seu lado bom… Seguindo o criativo raciocínio de JCN, porque não haveremos de considerar simplesmente o casamento homossexual como uma empresa, de portas legalmente abertas, que deu prejuízo mas segue em frente? POPEYE9700@YAHOO.COM
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